Junho se aproximando e já sinto o cheiro da canjica e do milho cozido. Junho, no Brasil, é sinônimo de festa junina, fogueira, quadrilha, maçã do amor, quentão, barraquinha do beijo. Era a única época do ano que eu via a possibilidade de casar, isso porque eu costumava ser escalada para ser a noiva na encenação do casamento na roça...hoje em dia, nem isso acontece. Há uns dez anos eu cuido do Correio do amor, levando recadinho amoroso e fazendo a felicidade alheia. O correio do amor é o SMS da festa do interior.
De quatro em quatro anos essa festa típica é ofuscada pela verdadeira festa folclórica de raiz brasileira: o raio da copa do mundo. Aparentemente só quem não está ansioso e feliz com a copa são os jogadores que não foram escalados para a seleção. Eu adoro o espírito de copa do mundo, copa é como um espírito de renovação. É como se os nossos últimos quatro anos fossem totalmente apagados, então erros e fracassos podem ser abolidos e esquecidos porque o que conta mesmo é o que a gente faz em ano de copa do mundo. Como se em cada copa nós pudéssemos começar do zero.
Eu, por exemplo, em cada copa que estou solteira imagino que na copa seguinte estarei desencalhada, porque terei mais quatro anos para sair desse 0 x 0. Mas passa os quatro anos, vem a copa do mundo, vem as olimpíadas, chega os jogos pan-americanos, e o meu placar não muda. Total de homens = ZERO.
Mas a melhor parte da copa mesmo, é que em quatro em quatro anos ela também acaba ofuscando uma data que é o verdadeiro apocalipse de qualquer mulher solteira e desesperada como eu. É o mês do Dia dos namorados!!! Eu vivo repetindo para as amigas que é apenas uma data comercial, não é nem feriado, é unicamente mais uma maneira das lojas, restaurantes e motéis nos extorquirem dinheiro. Dia dos namorados é apenas mais uma invenção do sistema capitalista! (quem dera meu dinheiro também fosse extorquido por esse sistema).
Após o fatídico 12 de junho, um dia cheio de desesperança para a mulher solteira, vem sempre a bonança. Vem o dia 13, dia de Santo Antônio. Esse é o dia “D” para as solteiras, é o momento que devemos usar de toda nossa fé, fazer novena, promessa, mandinga, o que estiver ao seu alcance para conseguir o inalcançável.
No entanto em meu caso, como já conheço minha sorte nessa área, eu acredito que mesmo com toda essa reza vai ser mais fácil os Santos conspirarem para eu acertar na mega sena acumulada do que o bendito do namorado aparecer.
Sabe aquela tia velha que mora sozinha, cuida de um monte de gatos, que sempre fica a maior briga no fim da festa pra ver com quem ela vai pegar carona,aquela pessoa que salva os casais quando querem tirar folga dos filhos, que já foi madrinha de centenas de casamentos mas nunca foi a noiva...pois é, esta sou eu! E se isso tudo está acontecendo na sua vida, prepare-se você ficou pra titia!!! Dica: É hora de trocar a missa e as novelas por um pouquinho de agitação na blogosfera!
domingo, 30 de maio de 2010
domingo, 16 de maio de 2010
Sorte no jogo...
Primeiramente, gostaria de esclarecer aos meus 2 fãs (Gabi e André, casal amigo é para essas coisas, obrigada!) o meu auto-exílio do blog. Meu último post já anunciava (para quem leu) que eu precisava de um tempo exilada desse mundo virtual, e por vezes do real também.
Um trágico episódio abateu todos nós e consumiu todo tempo que sobrava entre um tricô e outro... a morte da Tia Dóris. Porque a tia até durante a sua morte tem que se fazer presente, havia uma lista toda arquitetada de como se precederia velório, enterro e missa de sétimo dia. O enterro dela foi mais badalado do que o da mãe do Chico Buarque. Há muito tempo um evento não mobilizava tanto a família, não era apenas pela simpatia de tia Dóris, que até os parentes do Amapá vieram, a leitura do testamento foi mais aguardada que a escalação da seleção pra copa!
Tia Dóris na hora da herança vingou os meus anos de solteirice, as primas casadas, tiveram que dividir 50% da herança, e os outros 50% ficaram pra mim, alegando no seu testamento que pela minha idade a perspectiva de casamento para mim era nula, logo não haveria ninguém no mundo para me amparar, por isso eu merecia a maior parte da herança. Tenho que admitir que pelo menos uma vez na vida me valeu (financeiramente) ser encalhada.
O dinheiro tinha que ser investido de alguma maneira, daí surgiu a ideia empreendedora de viajar para Las Vegas. Eu tinha tudo que precisa um bom jogador, o dinheiro e toda a minha experiência em noitadas em bingos da vida. Então me fortaleci com o ditado que achei que melhor poderia se aplicar a minha vida “ Sorte no jogo, azar no amor”. Com esse lema parti para Vegas na expectativa de pelo menos no jogo,usar as cartas certas.
Já que a minha vida amorosa não dá certo nem com mandinga, decidi investir na jogatina. Mudar de ares era necessário , não dava mais para ficar esperando surgir o homem ideal que com toda certeza tem muita dificuldade com GPS ou de fato permanece no coma induzido. O último post falava da desistência de encontrá-lo, optei pelo lema “não estou à procura no momento, quero é me encontrar” porque todo mundo sempre me disse que quando você relaxa o homem dos sonhos aparece. Confesso que adotei esse lema com o único intuito de ver se assim, ele de fato aparece logo!
Dois meses depois do último post percebi que essa lenga-lenga que as pessoas falam para nos consolar, é exclusivamente SÓ para nos consolar. No entanto eu não entrego os pontos nunca, na minha certidão está escrito: cidadã brasileira, vulgo “não desiste nunca”. São décadas no anonimato amoroso para eu me abalar com pequenos contratempos.
Nas mesas de aposta em Las Vegas coloquei todas as minhas fichas,usei as cartas que tinha na manga, apostei tudo que tinha, assim como devemos fazer no amor, continuar apostando e girando a roleta, quem sabe um dia a sorte não muda e o ditado acima se inverte e o jogo não vira à nosso favor?
Um trágico episódio abateu todos nós e consumiu todo tempo que sobrava entre um tricô e outro... a morte da Tia Dóris. Porque a tia até durante a sua morte tem que se fazer presente, havia uma lista toda arquitetada de como se precederia velório, enterro e missa de sétimo dia. O enterro dela foi mais badalado do que o da mãe do Chico Buarque. Há muito tempo um evento não mobilizava tanto a família, não era apenas pela simpatia de tia Dóris, que até os parentes do Amapá vieram, a leitura do testamento foi mais aguardada que a escalação da seleção pra copa!
Tia Dóris na hora da herança vingou os meus anos de solteirice, as primas casadas, tiveram que dividir 50% da herança, e os outros 50% ficaram pra mim, alegando no seu testamento que pela minha idade a perspectiva de casamento para mim era nula, logo não haveria ninguém no mundo para me amparar, por isso eu merecia a maior parte da herança. Tenho que admitir que pelo menos uma vez na vida me valeu (financeiramente) ser encalhada.
O dinheiro tinha que ser investido de alguma maneira, daí surgiu a ideia empreendedora de viajar para Las Vegas. Eu tinha tudo que precisa um bom jogador, o dinheiro e toda a minha experiência em noitadas em bingos da vida. Então me fortaleci com o ditado que achei que melhor poderia se aplicar a minha vida “ Sorte no jogo, azar no amor”. Com esse lema parti para Vegas na expectativa de pelo menos no jogo,usar as cartas certas.
Já que a minha vida amorosa não dá certo nem com mandinga, decidi investir na jogatina. Mudar de ares era necessário , não dava mais para ficar esperando surgir o homem ideal que com toda certeza tem muita dificuldade com GPS ou de fato permanece no coma induzido. O último post falava da desistência de encontrá-lo, optei pelo lema “não estou à procura no momento, quero é me encontrar” porque todo mundo sempre me disse que quando você relaxa o homem dos sonhos aparece. Confesso que adotei esse lema com o único intuito de ver se assim, ele de fato aparece logo!
Dois meses depois do último post percebi que essa lenga-lenga que as pessoas falam para nos consolar, é exclusivamente SÓ para nos consolar. No entanto eu não entrego os pontos nunca, na minha certidão está escrito: cidadã brasileira, vulgo “não desiste nunca”. São décadas no anonimato amoroso para eu me abalar com pequenos contratempos.
Nas mesas de aposta em Las Vegas coloquei todas as minhas fichas,usei as cartas que tinha na manga, apostei tudo que tinha, assim como devemos fazer no amor, continuar apostando e girando a roleta, quem sabe um dia a sorte não muda e o ditado acima se inverte e o jogo não vira à nosso favor?
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